Um gaijin no universo otaku
Um gaijin no universo otaku (vale a pena frequentar o Anime Friends?)
Há muito tempo eu ouço o pessoal falar, entusiasticamente, desse Anime Friends. Sei que existem pessoas que viajam de outras cidades e de outros estados para prestigiar o evento – que, segundo informações de amigos, chega a receber mais de 100 mil pessoas, fato que também lhe dá o nome, ao menos entre meus colegas, de Encoxa Friends (mas já vou logo avisando que o apelido se deve a lotação, não pela sacanagem).
Como sou uma pessoa curiosa e que leva muito em consideração a opinião de amigos, esse ano, finalmente, resolvi dar uma chance para esse evento, afinal, é sempre bom fazer coisas novas e conhecer lugares diferentes, concorda?
Antes de chegar ao evento, um sinal de alerta: o ônibus que faz o trajeto da estação Carandiru até o local do evento, o Mart Center, cobra R$ 3,00. Na verdade, nem me dei ao trabalho de conferir no site. Se soubesse teria ido a pé ou pego um ônibus convencional para ao menos usar a tarifa gratuita do bilhete único.
Eventos simultâneos como o Game Show garantem a diversidade do público
Mas beleza, 3 reais não deixa ninguém mais pobre (nem mais rico, infelizmente).
Dentro do ônibus outro alerta: Muitos adolescentes.
Já no local, uma constatação: o lugar é grande! Conversando com algumas pessoas, soube que esse ano, ao contrário das edições anteriores, o evento está dividido em vários locais (todos dentro do Mart Center, claro), fato que evita a grande aglomeração que eu esperava.
Mas penso que foi uma boa idéia essa. Junto com o Anime Friends, ocorrem também o SP Game Show, o Asia Fest e a Comic Fair. Nesse sentido, ponto para a organização que conseguiu juntar pessoas de gostos diferentes, mas parecidos, num mesmo evento. E sorte minha, afinal, não agradando o Anime Friends, poderia tentar a sorte em outro evento.
Muitas opções de compra no Anime Shop
O Anime Friends em si é: Muito comércio (de tudo que você possa imaginar em relação ao universo otaku: bonecos, roupas, fantasias de personagens, DVDs de séries e animes e muitas outras coisas mais), algumas salas temáticas (dedicadas a séries como One Piece, Harry Potter, Naruto etc.), e dois palcos (nos quais ocorrem as competições de Cosplay e apresentações de bandas nacionais e internacionais – das quais Angra é a única que eu conheço – lembre-se que sou um gaijin, um verdadeiro ser estranho nesse universo).
Palco principal com a banda Violet
Ah sim, claro, também tem uma praça de alimentação que, somada com a praça do Asia Fest, oferece diversos lanches – de pratos típicos japoneses até sandubas e churrascos – e de diversos preços (o mais barato que eu notei, custava R$ 3,00 – droga do dinheiro do busão[!], o mais caro, R$ 16,00).
Mas, em relação a atividades culturais ou recreativas eu não notei muitas. Havia algumas como o Animekê (karaokê com músicas de desenhos animados japoneses), os palcos com suas atrações e algumas barracas que me fizeram sentir dentro de uma quermesse: pescaria, tiro ao alvo e coisas do tipo (não, barraca do beijo não havia).
Já era alguma coisa, mas nada que justificasse, ao meu ver, sair do Rio de Janeiro, ou de qualquer outro estado, para vir pra cá.
Comix Book Shop: muitos títulos de mangá
E ai que entram os outros espaços: Na Comic Fair rola palestras e workshops sobre quadrinhos e assuntos relacionados (modelagem, colorização, publicações independentes, mercado exterior etc.).
Há um espaço destinado à leitura de quadrinhos (o Comic Lounge), com alguns títulos bacanas como Persépolis, MAUS, Mortos Vivos etc. É um local interessante, mas eu não fiquei muito tempo, só o necessário para descansar, afinal havia muitas coisas para ver ainda e a leitura de qualquer um dos títulos disponíveis tomaria muito tempo.
Leitores de mangás: em toda parte da Comic Fair
A Grow (fabricantes de brinquedo) está presente com um espaço bacana no qual é possível jogar gratuitamente Perfil, Trunfo, War e alguns outros jogos. Esse era um local que eu queria ter ficado, mas jogar sozinho não dá. Ta vendo, sair só tem suas desvantagens…
Mas a Tagima (fabricante de guitarras) tinha um espaço no qual a pessoa desacompanhada poderia ficar a vontade: um stand em que era só chegar, pegar uma guitarra, ou violão, e tocar.
Visados os stands dos sebos eram esperança de alguns para completarem coleções
Assim, sem burocracia ou complicação. No início achei muito estranho, “o que a Tagima faz aqui?”, perguntei. Mas ai me lembrei: segundo minha teoria, todo desenhista é um músico frustrado – e por ser um espaço dedicado a quadrinhos e mangás (que, no fim das contas é a mesma coisa – vamos parar com essa separação besta!) devem haver vários desenhistas ali. Boa iniciativa da Tagima!
Mundo Tagima, sem burocracia ou complicações. Entre e toque
Há stands onde se pode comprar muitos quadrinhos, desde lançamentos atuais (nos Stands da Comix, da New Pop, da Panini e da Cia. das Letras – o curioso é que todos os títulos encontrados nos standes dessas editoras também eram encontrados no stand da Comix) e quadrinhos antigos (nos stands de alguns sebos presentes) até quadrinhos independentes (nos stands do Quarto Mundo, da editora Crás e na seção dedicada aos fanzines, a Fanzine Expo, um lugar onde conheci muita gente interessante.
Fanzineiros também tiveram o seu espaço
O espaço da Comic Fair tem muita coisa para curtir e eu não vou falar de todas senão o post vai ficar enorme. Nos fundos do espaço, há uma exposição de carros tunados. Não é nada muito OOH, mas é bacana (embora eu não aprecie muito carros) e contribui para a variedade de atrações do evento.
O espaço do SP Game Show parece uma balada: escura e com música alta. Há diversos expositores, de fabricantes de jogos a revistas dedicadas a game.
Dava pra curtir um bom tempo nos games
Também é um espaço com palestras muito interessantes e, o mais importante, onde se pode jogar gratuitamente: Foi muito bacana ver a galera jogando Guitar Hero, Wining Eleven e Street Fighters (meus jogos favoritos!).
O Asia Fest é dedicado a toda a cultura oriental, não somente a japonesa como eu esperava. Lá se pode apreciar alguns aspectos de diversas nações, como apresentação de taekwondo e dança coreanos (é muito curioso ver orientais dançando break!), dança do ventre e massagem indiana, Feng Shui e Kung Fu chineses, origami, jujitsu e culinária japoneses, entre outras atrações.
Break!
Por falar em mulheres belas, esse é o grande destaque do Anime Friends (e de seus eventos paralelos)! A cada passo você encontra uma e o fato de muitas delas estarem fantasiadas (os tradicionais cosplayers) aumenta ainda mais a beleza dessa mulherada!
Ahhhh lindas mulheres!
Um detalhe curioso em relação a cosplay: eu me considero um bom leitor de quadrinhos, mas não consigo reconhecer nem a metade dos personagens que o pessoal se fantasia! Que coisa…
O único aspecto negativo no evento: cultura pop e mangás famosos é muito fácil de achar no local, mas senti falta das coisas mais undergrounds, estilo hentai ou mesmo gekigá (quadrinistas com temática mais adulta e não tão famosos como Suehiro Maruo, Hideshi Hino, Junk Mizuno etc.).
Quem é esse personagem?
Senti a ausência desses assuntos e também daquele pessoal que traduz scans de mangás na net (como o Central de Mangás ou o Chrono Scanlator), imaginei que poderiam haver salas desses grupos – obviamente não para distribuir scans, mas para discutir esses ou outros temas.
No final das contas, o frigir dos ovos, o resultado me foi positivo.
Quadrinhos de super-heróis também tiveram espaço
Principalmente pelas belas mulheres (tinha muito marmanjão pedindo para tirar foto ao lado de algumas delas), e pelas atrações culturais e de lazer da Comic Fair, da SP Game Show e do Asia Fest.
É uma boa, e diferente, pedida de programação cultural para o fim de semana.
Galeria de fotos:
Fotos de Gisele Marin, Ítalo Cesar e Renato Lebeau
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Também nunca fui no Anime Friends, meus alunos vão em todos esses eventos e falam sempre muito bem, mas como são adolescente (e adolescentes gostam de tudo, hehe) nunca soube muito bem se era legal.
Se ano q vem o comic fair for junto com o Anime Friends novamente, eu aproveito para ver o evento, e as belas mulheres também!
Posso dizer que sou um otaku, e entendo porque é tão prestigiado esse evento, o pessoal vai pra ver os amigos que moram pela cidade, conversar com outras pessoas, tomar “muppy”, pois a grande maioria não tem tempo pra fazer reunião de grupos e aproveitam pra aproveitar nesse evento, pois ficam em casa apenas assistindo anime e teclando no msn, orkut e cansativo
Imagino que para quem aprecia Cosplay o evento seja bem divertido: todo mundo tirando foto ao lado de seus persoangens favoritos. Também entendo aquela galera que viaja de outra cidade para ter acesso a produtos que não são tão faceis de achar fora dos grandes centros – tipo action figures, fantasias etc.
Foi mal não ter mencionado isso na matéria.