Porque não gosto de piada mortal
Escrita por Alan Moore, desenhada por Brian Bolland e publicada originalmente em março de 1988, Piada Mortal é tida por muitos como a melhor história sobre o Coringa e uma das melhores HQs de todos os tempos. Será?
A trama retrata o palhaço do crime pondo em prática sua teoria de que qualquer um pode ficar louco se tiver um dia ruim. Para isso ele usa como cobaia o comissário Gordon, infligindo-lhe as mais severas torturas.
A premissa é muito boa, mas o desenrolar da HQ apresenta tantas passagens duvidosas que nos faz pensar até que ponto a obra é elogiada por seus próprios méritos ou pelo simples fato de ser fruto da parceria de dois artistas inegavelmente talentosos.
Vejamos:
A HQ começa com uma diagramação em 9 quadros, que deixa a página parecida com um muro de tijolos, mas confere um ritmo acelerado à narrativa e é uma das características do roteirista britânico. Mas ai vem o primeiro estranhamento: quando Batman entra na cela onde o Coringa está aprisionado, o local mais parece uma sala de estar do que uma prisão para criminosos insanos.
Em vez de cela acolchoada e camisa de força, encontramos o vilão relaxado numa ampla sala, jogando baralho e tendo à sua disposição uma mesa e um par de cadeiras – como se ele frequentemente recebesse visitas para um carteado (!).
A fuga do Coringa também é uma passagem estranha, que num roteiro assinado por um artista menos talentoso poderia ser perdoado, mas não numa obra escrita por aquele que é considerado o mago das histórias. Como é que ele foge assim sem mais nem menos!? O substituto põe uma peruca verde, passa um pó-de-arroz no rosto e pronto? Ninguém mais o reconhece?
Parece até aquelas gloriosas novelas do SBT nas quais uma mulher prende o cabelo, coloca um boné pra trás e se passa por homem ao longo de toda a trama, ou – em outra novela – a personagem, para esconder uma enorme cicatriz no rosto e não ser reconhecida, passa a história inteira com um pano na cara e ninguém desconfia de nada…
Daí para o final a HQ apresenta uma série de passagens tão inverossímeis que a sensação que dá é de que ela foi feita a toque de caixa – um trabalho rápido para pagar as contas. Como a lábia do vendedor para negociar seu parque com o Coringa: “Quer dizer… quer dizer que vai comprá-lo? Não achou o preço alto demais?” (na tradução da edição definitiva lançada pela Panini em 2009). Dizer o que desse argumento convincente por parte de alguém que quer vender algo!? Sem mencionar o fato do Coringa já ser um criminoso conhecido quando foge do Arkham. Que tipo de pessoa negociaria levianamente com um assassino notório?
Por falar em assassino notório, é muito estranho que o maior detetive do mundo tenha que andar com um cartaz, estilo procura-se, do Coringa – como se fosse muito difícil fazer uma descrição de um palhaço – para encontrar alguma pista do seu paradeiro em meio às prostitutas.
Barbara Gordon é outra que não honra muito sua posição de heroína. Com um assassino de alta periculosidade a solta, como ela atende à campainha de maneira tão displicente? Sem nenhuma precaução? Sem se sequer utilizar o olho mágico da porta!
Mas o “melhor” mesmo são as cenas de tortura! Tudo bem que ver fotos da filha nua e com uma bala alojada na coluna cervical não deve ser lá uma visão muito agradável, mas pelamordedeus, o comissário Gordon é um policial!!! De Gothan!!! Acredito que poucas imagens chocariam um policial que trabalha na cidade mais bizarra do mundo.
Seria verossímil se ele ficasse furioso ou desesperado – mas isso é diferente de loucura. Estaria Alan Moore, conhecido por se aprofundar em seus temas, tratando levianamente um assunto tão profundo como a loucura?
E aquele trem fantasma heim!? Já vi trens fantasmas mais assustadores jogando Donkey Kong. Eu conseguiria listar uma série de coisas que aqueles umpa lumpas cheirados e fantasiados de Liza Minnelli causariam em uma pessoa sã, mas nenhuma delas se parece com loucura, não chega nem perto. E o que, em nome de Deus, significa aqueles russos com sua dança tradicional na única aparição da dupla em toda a HQ!!!???
Eu poderia continuar apontando várias passagens estranhas como o Batmóvel com para-choque de Kombi; a questionável motivação de uma gangue para assaltar uma fábrica de baralhos; a inexplicável risada do Batman no final da edição – como se fosse amigo do Coringa de longa data; a plaquinha motivacional na recepção do manicômio etc. Mas acho que já deu pra entender porque considero Piada Mortal a HQ mais superestimada da história.
Não nego que ela tem sim seus momentos inspiradores: como a ligação que Moore faz de uma passagem de tempo para outra; a colorização psicológica da versão original – que era mais fiel à época que a edição foi lançada (a recolorização da edição definitiva, a cargo de Bolland, deixou os tons mais sombrios e em sintonia com os tempos atuais) e os fabulosos desenhos do próprio Bolland. Mas isso é muito pouco para fazer desta HQ tudo aquilo que dizem que ela é.
No final das contas, conhecendo a personalidade de Moore, talvez ela seja mesmo uma grande brincadeira, mais uma demonstração de que seu autor não gosta do mercado de super-heróis. E o fato de tanta gente ainda idolatrar a obra, ou se dar ao trabalho de escrever um artigo sobre o fato de não gostar da historia, demonstra que, mais de 20 anos depois, ainda não entendemos a piada.
https://impulsohq.com/quadrinhos/porque-nao-gosto-de-piada-mortal/notíciasquadrinhosAlan Moore,Batman,Brian Bolland,Coringa,piada mortal,Prata da CasaEscrita por Alan Moore, desenhada por Brian Bolland e publicada originalmente em março de 1988, Piada Mortal é tida por muitos como a melhor história sobre o Coringa e uma das melhores HQs de todos os tempos. Será? A trama retrata o palhaço do crime pondo em prática sua teoria...Alexandre ManoelAlexandre Manoel[email protected]ContributorFormado em Artes Plásticas pela UNESP, aprendeu a ler com os gibis da Turma da Mônica. Além dos quadrinhos é apaixonado por arte de rua, sinuca, literatura fantástica, pão de queijo, cerveja e Fórmula 1. É ilustrador free lancer, quadrinista e editor da revista Subversos. www.desenhossoturnos.blogspot.comImpulso HQ
Você tá falando sério quando diz que não entendeu a piada?
Quanto à fuga do Coringa do Arkham, bom… todo mundo vive fugindo do Arkham, aquele lugar já devia ter sido fechado rsrs. Aquele batmóvel estranho é um dos primeiros, um clássico. Tem várias referências clássicas que um leitor mais atento percebe, mas que não interferem na história.
Só li verdades.
“A piada mortal” é uma historinha bem +ou- que fan do Alan Moore fica cagando regra p defender tipo: “Esta nas entrelinhas que o Coringa estuprou a Barbara” ou “Se vc não gostou é pq vc não entendeu o final”…O Final?!?… Cara, no final o Moore da uma cagada na cabeça dos fans do morcega dizendo que a Bátema é tão louco quanto o Coringa ou pior.
“A piada mortal” é ruin de cabo a rabo e o próprio Moore já disse que foi a historia mais fraca que ele já escreveu.
putz! até respeito o fato d alguém não gostar d um determinado material q fez sucesso e talz, afinal, gosto é algo pessoal e kda um tem o seu, mas… nesse post só li questionamentos bobos como os d alguém q só quer polemizar…
só vou rebater aqui os questionamentos q achei mais infantís pra não me estender demais:
“Em vez de cela acolchoada e camisa de força, encontramos o vilão relaxado numa ampla sala, jogando baralho e tendo à sua disposição uma mesa e um par de cadeiras.”
– nessa cena o Coringa estava numa sala d interrogatório e toda sala d interrogatório tem uma mesa e um par d cadeira.
“Barbara Gordon é outra que não honra muito sua posição de heroína. Com um assassino de alta periculosidade a solta, como ela atende à campainha de maneira tão displicente? Sem nenhuma precaução? Sem se sequer utilizar o olho mágico da porta!”
– o q vc esperava?! q ela ficasse d plantão e atendesse à porta d casa vestida d Batgirl?! imagina se por acaso fosse o entregador d pizza???
“Mas o “melhor” mesmo são as cenas de tortura! Tudo bem que ver fotos da filha nua e com uma bala alojada na coluna cervical não deve ser lá uma visão muito agradável, mas pelamordedeus, o comissário Gordon é um policial!!! De Gothan!!! Acredito que poucas imagens chocariam um policial que trabalha na cidade mais bizarra do mundo.”
– pois sim! e é exatamente por ser um policial treinado e acostumado com esse tipo d barbárie q o plano do Coringa d enlouquece-lo deu errado!
“eu poderia continuar apontando várias passagens estranhas como o Batmóvel com para-choque de Kombi;”
– esse Batmóvel com “para-choque d kombi” se trata do Batmóvel clássico da década d 50! aqui nem se trata d opinião, é falta d pesquisa! por favor, pesquise mais sobre o q vc escreve!
“a inexplicável risada do Batman no final da edição – como se fosse amigo do Coringa de longa data;”
– e pra fechar, aqui fica claro q vc não entendeu o final da história ou q é um desses leitores q espera q o autor seja sempre claro e objetivo, coisa q nem sempre acontece! tanto o Moore quanto o Bolland, kda um usando d sua linguagem em conjunto, foram bem subjetivos nessa última página, eles não entregam d bandeja pro leitor o final, o final carece da interpretação pessoal d quem ta lendo… tanto q a pouco tempo questionaram o Moore se o Batman mata o Coringa no final. se vc ler com atenção e prestando a mesma atenção nas imagens, faz todo sentido! alguns leitores acreditam nisso, outros não… por ser um final subjetivo, vai da interpretação d kda um. na boa, t aconselho reler Piada Mortal, pois pra mim vc q leu d forma displicente… ah e só pra constar:
“conhecendo a personalidade de Moore, talvez ela seja mesmo uma grande brincadeira, mais uma demonstração de que seu autor não gosta do mercado de super-heróis.”
– Moore ja respondeu em entrevista q não desgosta d HQs d heróis, o q ele não concorda é da forma q tem sido produzido atualmente.
O próprio Moore acha esta história meia-boca. Nas palavras dele, vale muito mais pela arte.
O Renato disse tudo, o texto só tem questionamentos bobos…