Resenha HQB: Tundra
Estamos no ano de 2025, cidade de Neo-Millenium (localizada no estado de São Paulo, mas que pretende se tornar um país independente). Os robôs tornaram-se o maquinário e a mão-de-obra mais utilizados no mundo e as maiores fabricantes de robôs são as Industrias-Taiga, que também detêm o controle militar da cidade.
Coisas estranhas começam a acontecer no local: pessoas bem sucedidas em seus ramos de atividade são encontradas mortas e sem cérebros; e tudo indica que as Indústrias-Taiga estão por trás disso.
Basicamente, este é o argumento que envolve o universo de Tundra, criada pelo quadrinista Rodrigo Lima.
Mas o leitor vai encontrar isso apenas na introdução deste 8º número da revista. No restante da edição o que temos é o caçador de robôs chamado Seifer num confronto contra duas máquinas, capazes de pensar e sentir emoções, para resgatar um bebê sequestrado.
Alguns aspectos chamam atenção nesta edição: A sutil presença da doutrina cristã no personagem principal, algo que eu acho muito válido por ser pouco usual nos quadrinhos, e a qualidade gráfica no geral, capa em couchê e numa gramatura alta, uma ótima impressão – o preto está 100% preto – e arte competente (embora eu tenha sentido falta de cenários mais detalhados) que segue o estilo daqueles mangás mais alongados.
A arte-final varia entre tons de cinza com poucos contrastes, um “luz e sombra” mais trabalhado ou apenas as linhas – que deixam a arte com cara de rascunhos ou, num termo mais elegante, sketch (mas isso é um elogio, porque essa variedade faz bem para o ritmo da revista).
O grande destaque é a diagramação, bem ao estilo dos quadrinhos japoneses, que contribui sobremaneira para toda a ação do roteiro. Trabalho competente!
Entretanto, por ser uma publicação seriada, o que temos neste número não é suficiente para aguardar os próximos, tampouco procurar os anteriores. O roteiro é o ponto fraco, mesmo criando um ambiente interessante (Neo-Millenium é uma cidade que carrega um forte clima gótico, as armas de fogo, por incrível que pareça, foram abolidas e o personagem principal usa uma espada de ponta curiosa), a trama não consegue fugir do lugar comum e não é possível notar um trabalho mais profundo na personalidade dos protagonistas, talvez devido ao pouco número de páginas.
Claro que muitas obras seriadas (tanto do mercado estadunidense quanto do japonês e até do europeu) costumam ter um começo meio sem graça e emplacar boas tramas só depois de alguns números.
Mas, infelizmente, a realidade de nosso mercado é outra. Por aqui as obras seriadas já devem começar num pique espetacular se quiserem ter vidas longas – caso raro mesmo entre séries de boas qualidades.
Resta a Rodrigo Lima investir toda força de vontade que possui – e ele deve possuir muita, afinal chegar ao 8º número de uma revista independente não é para qualquer um – na criação de um roteiro mais trabalhado e numa edição que respeite as características de nosso mercado (afinal, se nem Preacher – uma das melhores séries dos quadrinhos de todos os tempos, na minha opinião – foi publicada na íntegra por aqui é muito difícil imaginar que alguma editora se prontifique a publicar uma série nacional nem tão empolgante assim).
Ah sim, um pouco mais de atenção nas próximas capas também é necessário. Na capa desta edição quase não dá para notar o personagem, tamanha falta de contraste que há. Uma composição de capa mais atraente também seria interessante.
Tundra nº8
Autor: Rodrigo Gutstein Lima
Revista Independente
48 páginas
Contato: [email protected]

Olá,sou o autor da revista Tundra, e não tenho como agradecer ao site do impulso a alegria que estão me dando por terem feito a resenha da minha historia. Muito obrigado por esse texto que mostrou muito bem aonde eu acertei e aonde errei. Só não concordei com uma coisa que foi dita, achar que dificilmente ela pode ser lançada por uma editora e ser mensal… esqueceram-se que é um mangá cristão?? Deus pode fazer o impossível, ele fez o céu a terra e também pode fazer uma revista de quadrinhos mensal ser lançada no Brasil do começo ao fim (rararar, acho que isso entra na aréa do impossível!!) Mais uma vez obrigado e fiquem com Deus!
Ah sim, já estou trabalhando em uma nova edição!! Quem sabe até o fim do ano eu não apareço novamente no impulso?? Abraços a todos!!!
Olá Rodrigo, como vai?
Ficamos felizes que tenha apreciado a resenha.
Gostaria de deixar claro que o fato de achar que uma editora dificilmente publicaria seu material não tem nada a ver com a qualidade dele e sim com o histórico das editoras em publicar material nacional mensal (com exceção à Turma da Mônica, claro).
Mas, como você bem observou, o fato de ser uma mangá cristão pode conseguir apoio de editoras mais interessadas na religião do que nos quadrinhos – e esse número, de editoras cristãs, cresce cada vez mais. Eu levaria o tabalho para esse caminho…
Abraços e todo sucesso do mundo para ti!!!!!!!!