Nas Bancas: Miracleman nº 1
A Marvel Comics anunciou na New York Comic Con uma novidade esperada há 20 anos: vai republicar as famosas histórias de Miracleman por Alan Moore e concluir a história do personagem que Neil Gaiman deixou inacabada em 1993. Quatro anos e meio após anunciar que havia comprado o personagem, a editora começa a relançar Miracleman em janeiro de 2014.
Aqui no Brasil, Miracleman foi anunciado durante a palestra da editora Panini na última Fest Comix, e para a Comic Con Experiencie foi confirmada a publicação de Miracleman no Brasil. Dito e feito.
Miracleman, criação inglesa de Mike Anglo e que, entre outros, teve em sua linhagem autores como Alan Moore e Neil Gaiman, outrora conhecido como “Marvelman”, o personagem foi gerado para substituir, no Reino Unido, as extintas HQs do Capitão Marvel/Shazam. O personagem sofreu uma ação judicial por parte da Marvel Comics, mudou de nome para Miracleman, teve fases memoráveis nas mãos dos autores anteriormente referidos e hoje, ironia das ironias, pertence à Marvel Comics.
A Marvel passou a republicar as fases clássicas dele, aquelas escritas por Moore (que, por razões judiciais, é creditado apenas como “O Escritor Original”). É essa fase que a Panini começou a lançar. Com a publicação nacional de Miracleman, a obra de Alan Moore que antecipou a era moderna dos Quadrinhos, o leitor tem acesso a uma das histórias mais obscuras do autor, criada há 32 anos, lida por poucos, porém famosa por sua grandiosidade e importância.
Como um plágio se tornou uma história original
Em 1982, dezenove anos após o cancelamento de Marvelman, o desconhecido Alan Moore foi convidado para ser o escritor responsável por reviver o personagem na revista inglesa Warrior. A revista teve uma vida curta, mas o personagem ganhou um título próprio nos EUA em 1985 pela editora Eclipse e foi renomeado “Miracleman” com o intuito de evitar problemas com a Marvel, que ameaçava um processo contra os editores pelo uso do nome “Marvel”.
Em 1989, o número 16 de Miracleman chegava às bancas encerrando a jornada de Alan Moore, que já havia se tornado um dos mais respeitados escritores dos Quadrinhos. O Neil Gaiman deu sequência às histórias de Moore no início da década de 1990, até a falência da editora que as publicava. O personagem ficou num limbo jurídico, com vários autores e editoras alegando terem os direitos de publicação, pendenga que a Marvel começou a resolver em 2009. No ano passado, a editora enfim registrou a marca após resolver-se com todas as partes.
Livro um: Sonho de voar
Nos anos 80, já adulto e casado, o repórter Mickey Moran lembra-se, de repente, de um passado apagado da memória: suas aventuras, nos anos 50, como Miracleman e principalmente da palavra mágica, Kimota. Novamente transformado no galante e herói, ele volta correndo pra casa. Lá chegando, conta tudo à sua esposa que, após ouvir estarrecida, cai na gargalhada. Com o desenrolar da trama de Moore, os leitores ficam sabendo que as antigas aventuras haviam sido implantadas por cientistas trabalhando pra um projeto governamental secreto. Era tudo falso. Nenhum detalhe beirava a realidade. No entanto, uma coisa era certa: apesar das lembranças absurdas, Mick Moran realmente ganhava superpoderes quando dizia a palavra Kimota, Miracleman vai descobrindo qual é a verdade de seu passado.
Quando Moore, terminou o que tinha a “revelar” sobre o passado oculto de Miracleman, Neil Gaiman assumiu o título, Gaiman sucedeu Alan Moore como roteirista a partir do número seguinte, e Miracleman ganhou também uma série derivada chamada “Apocrypha”. Uma nova série intitulada “Miracleman: Triumphant” que seria escrita por Fred Burke e ilustrada pelo brasileiro Mike Deodato foi anunciada mas, antes que pudesse ser publicada, a editora Eclipse fechou as portas. O último número de Miracleman publicado foi a edição 24, em 1993, deixando o arco “The Silver Age” inacabado.
Problemas relacionados aos direitos autorais impediram a continuidade ou republicação de Miracleman pelos próximos 20 anos. Mas em 2013 a Marvel anunciou a republicação da série, que só foi possível devido a um acordo com Alan Moore, Neil Gaiman e os demais artistas da série.
Uma minissérie altamente recomendada, uma das mais geniais HQs de todos os tempos, na qual o perplexo Miracleman vai descobrindo qual é a verdade de seu passado.
Miracleman nº 1
Editora Panini
Roteiro: Alan Moore
Arte: Garry Leach
Minissérie mensal
17 x 26 cm
Papel LWC
68 páginas
R$ 8,20 (capa normal)
R$ 13,90 (capa metalizada)

Deixe uma resposta