Entrevista: Logan Barros – Modelismo e Molde
Logan Barros
A entrevista de hoje faz parte da série de posts relacionados a Comic Fair.
Trata-se de um bate-papo com com o professor da Impacto Quadrinhos, Logan Barros, que no evento ministrou o workshop de Modelismo e Molde, onde ele ensinou as etapas para criar bonecos, action figures e estatuetas de personagens de HQ, mangá, cartoon e filmes.
O estilo acadêmico e realista de Logan Barros chama atenção pelos detalhes em seus trabalhos minuciosos de esculturas e bonecos de pequenos e grandes portes bem como em suas ilustrações.
Durante a entrevista Logan fala sobre o mercado de modelismo no Brasil, quem são os principais compradores desse produto, como funciona a questão do direito autoral do personagem, qual é a maior dificuldade de quem está começando a modelar e muito mais.
Entrevista:
Impulso HQ: Gostaríamos que você se apresentasse aos leitores do site. Quem é Logan Barros?
Logan Barros: Sou escultor, nasci em São Paulo/SP mas moro em Jaguariúna/SP onde ministro cursos de histórias em quadrinhos e desenho mais voltado para modelagem, linguagem na qual tenho me dedicado mais.
Aluno fazendo exercício na prática no workshop de Logan Barros
IHQ: Como foi o seu início na modelagem?
L.B.: Comecei com massinha de modelar, matando o tempo. Comecei a desenhar com 12 anos, ao fui me descobrindo: desenho artístico, desenho publicitário, pintura. Creio que fiz mais de 20 cursos diferentes, mas nenhum se comparou com o de modelagem e escultura porque são a união de tudo: é um desenho em 3D, é um desenho que se pode pegar na mão, que se pode mudar o ângulo.
IHQ: Como esta o mercado de modelagem hoje no Brasil?
L.B.: Esta bem aberto, inclusive eu tenho formado alunos que estão se tornando grandes artistas, expondo peças tanto dentro quanto fora do país. E isso vem impulsionando, gradativamente, a maneira de fundirmos no Brasil o mainstream, o cinema e a escultura.
O cinema e os quadrinhos lá fora estão relacionados de maneira bem bacana: sai a escultura, sai os quadrinhos e sai o filme e com isso eles têm uma estrutura comercial muito maior.
Mas hoje [no Brasil] nos temos tanto colecionadores de quadrinhos quanto de esculturas, é o mesmo público na verdade, e o pessoal de cinema tem migrado muito para a escultura também – e isso tem aberto, realmente, grandes oportunidades para o mercado. Não só para o mercado de action figures, mas também para o mercado de cinema 3D.
O escultor esta a muitos anos no mercado, mas não com o êxito que tem hoje. Hoje, nós conseguimos abranger de brindes a designer de carros. Creio que o mercado expandiu mesmo, no Brasil e lá fora.
Esculturas expostas no stand da Impacto Quadrinhos
IHQ: Quem são os principais clientes desse mercado?
L.B.: Colecionadores representam 70% dos clientes. As lojas hoje em dia vêm se interessando mais, por uma questão de designer até: além de enfeitar bem a loja, chamando a atenção das pessoas, o vendedor consegue linkar com outros produtos de cinema, DVD, quadrinhos.
Um exemplo fácil disso é um boneco do Freddy Krueger que eu fiz recentemente, eu produzi o boneco antes do lançamento do filme e as lojas tiveram grande interesse [pela peça], principalmente as lojas de DVDs para exporem o DVD junto com o boneco, ou seja, aquilo cria uma situação diferenciada.
IHQ: Não há problemas com direitos autorais?
L.B.: O direito autoral funciona da seguinte forma: Como a peça é produzida em pequena escala, 20 peças no máximo, não tem problema porque ela entra como peça manual. O maior problema que o escultor sofre no Brasil hoje é o seguinte: nós fabricamos 10 peças, criamos um certificado e vendemos apenas essas 10 peças, ai as pessoas falsificam a peça e fabricam centenas delas.
Logan Barros demonstra o exercício para o workshop
IHQ: O mercado procura mais personagens de cinema, desenho animado ou quadrinhos?
L.B.: Quadrinhos e cinema. As grandes empresas de action figures lançam seus bonecos junto com algum filme relacionado. Editoras como Marvel e DC tem uma gama de personagens em esculturas. Os quadrinhos e o cinema têm andando lado a lado com a escultura.
IHQ: Quanto a aprendizagem da modelagem. Qual é a maior dificuldade dos alunos que entram no curso?
L.B.: É enxergar o 3D. Na verdade o 3D todo mundo conhece: altura, largura e comprimento, mas quando você coloca isso numa peça já não é tão simples. Mas é interessante ver o aluno começar do nada e aprendendo cada processo até chegar na peça final.
E é um curso diferenciado pela seguinte forma: não existe isso de professor ajudar na peça do aluno, eu não faço isso; não existe cópias desnecessárias nem exercícios exaustivos, ou seja, vai aprender [modelar] braço? O aluno modela o braço. Vai aprender braço em outra posição? Ai você tem que ensinar ao aluno toda a musculatura do braço para que quando o aluno for fazer o trabalho ele saiba o que esta fazendo.
Não existe o aluno apenas uma peça no curso e fechar o curso, ele vai passar por todo um processo. Hoje eu posso te dar certeza que o curso mais completo de modelagem que tem no Brasil é o da Impacto porque é focado para formar o artista profissional.
Esculturas sendo produzidas ao vivo no stand da Impacto Quadrinhos
IHQ: Em que o domínio do desenho ajuda na modelagem?
L.B.: Alguns cursos exigem como requisito mínimo o desenho. Eu acho que não, ajuda, principalmente para compreender proporção, ma quem não sabe nada será ensinado do começo até o fim.
Nós da Impacto temos ótimos desenhistas que trabalham para o mercado exterior e grandes modeladores. O aluno esta com dificuldades em proporção? Então ele ganha gratuitamente um, dois, três meses de aulas de desenho até que ele possa entender o assunto. A preocupação em formar um bom profissional vai além do cronograma.
E assim, o aluno percebe que modelar é mais fácil que desenhar, porque o desenho 2D engana, o 3D não. Se você mexer milimetricamente [uma escultura] já consegue enxergar erros e isso ajuda o aluno que desenha. Por exemplo: você está com dificuldade em fazer uma cabeça?Vai lá, modela rapidamente uma cabeça e pode ficar olhando para usar como referência.
Geralmente o aluno quer chegar e produzir, ai quando ele percebe que tem um problema começa aquela coisa de achar que não tem talento, mas conseguimos provar que não é só talento, é informação, é encaixar a informação de maneira correta. Conhecimento e vontade são duas engrenagens que formam uma máquina boa.
Alunas do workshop de Logan Barros na Comic Fair
IHQ: Quanto tempo demora o curso que você ministra?
L.B.: De oito meses a um ano, mas nisso entra anatomia masculina completa, anatomia feminina completa. A gente não faz uma peça masculina, a gente faz várias até entender toda a musculatura do corpo, quando você entender toda a complexidade do corpo masculino, parte para o feminino.
Então, é: cabeça masculina, cabeça feminina, rosto de ancião, rosto de criança, expressão corporal, roupas, tecidos, cenários, animais, pelagem, pintura, molde, embalagem da peça, como criar o marketing para a peça e como vendê-la. O aluno entra cru no curso e sai pronto para o mercado de trabalho.
IHQ: Tem essa formação comercial também?
L.B.: Também.
IHQ: Algumas escolas abominam…
L.B.: É justo o artista viver da arte dele. Quando um artista consegue viver da própria arte, ele pode se dedicar mais a ela, ele consegue se empenhar mais e se ele se empenha mais, ele acaba crescendo dia após dia.
Logan Barros explica os conceitos de modelismo no workshop
IHQ: Qual é o perfil dos seus alunos? Eles entram como propósito de se tornarem profissionais no ramo, por hobby ou para ajudar no desenho?
L.B.: 90 % dos meus alunos entram por hobby e 100 % saem como profissionais. Eu tenho alunos que já trabalham dando aulas ou vendendo esculturas para fora do país e fico feliz em dizer que formo bons artistas. Não é só o aluno fazer uma peça, é fazer uma peça para colocar na estante dele e sentir orgulho. O que a gente vende na Impacto é satisfação e profissionalismo.
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O Impulso HQ agradece a colaboração de Logan Barros pela entrevista cedida.
E amanhã tem mais posts falando sobre a Comic Fair. Não perca!
As fotos deste post são de Gisele Marin.
O que já foi publicado sobre a Comic Fair:
Palestra Emílio Baraçal na Comic Fair: Como foi
Comic Fair 2010: Como foi – primeira parte
https://impulsohq.com/quadrinhos/entrevistas/entrevista-logan-barros-%e2%80%93-modelismo-e-molde/entrevistasComic Fair,escultura,Impacto Quadrinhos,Logan Barros,modelismoLogan Barros A entrevista de hoje faz parte da série de posts relacionados a Comic Fair. Trata-se de um bate-papo com com o professor da Impacto Quadrinhos, Logan Barros, que no evento ministrou o workshop de Modelismo e Molde, onde ele ensinou as etapas para criar bonecos, action figures e estatuetas...Alexandre ManoelAlexandre Manoel[email protected]ContributorFormado em Artes Plásticas pela UNESP, aprendeu a ler com os gibis da Turma da Mônica. Além dos quadrinhos é apaixonado por arte de rua, sinuca, literatura fantástica, pão de queijo, cerveja e Fórmula 1. É ilustrador free lancer, quadrinista e editor da revista Subversos. www.desenhossoturnos.blogspot.comImpulso HQ
gosto muito de escultura da marvel e outros personagem gostaria de aprender a modelar como faço para encontrar os lugares serto de curso de modelagem e quanto custa. se possivel manda fotos de alguns trabalhos fetos por alunos e vc qual tempo k leva para ter uma noção de modelagem
achei muito bom esse site, faço esculturas de argila seria bom se aqui em Maceió tivesse uma escola ou curso parecido.
oi amigo tenho muito interesse em fazer esses curso de modelagens de bonecos como faco para ter mais informaçaoes a respeito? meu tel11 61228457. aguardo retorno,ok?
faço micro esculturas ,,gostaria de ter mais contato com artistas desta técnica!!!! facebook (joares sousa)