Do fundo da estante: O Cavaleiro das trevas (ou a suave brutalidade)
Uma das minhas mais antigas lembranças com quadrinhos é Cavaleiro das trevas, encadernado, em comemoração aos 50 anos do Batman, a Abril publicou. O gibi era um ano mais novo que eu, resistiu muito bem, pelo menos nos seus primeiros 18 anos.
Hoje ela tem que ficar num envelopinho, a encadernação cedeu. Guardo ela e mais algumas encadernações que desmontaram juntas, todas em envelopes num fichário. Me pareceu a única solução para não perder coisas maravilhosas e que dificilmente encontro novamente.
De algumas eu tenho um back up, e Cavaleiro, quando quero ler, eu pego uma outra edição, de dez anos, lançada em fascículos.
No Brasil é até uma vantagem procurar pelos fascículos. As edições encadernadas foram, durante muito tempo, inferiores. E olha que as edições separadas vinham freqüentemente mutilados, obra de boas editoras. Mas, edições encadernadas, salvo exceções maravilhosas e lindas, eram bem pouco diferentes. Chegando algumas vezes a ser mais pobres (coisas eram suprimidas: capas, créditos, extras…)…
Me lembro muito claramente, o Cavaleiro das Trevas sempre ali: A capa preta com o Batman encarando de frente o Super Homem sempre foi uma imagem querida. Não sei vocês, mas eu sempre, sempre, sempre quis que alguém quebrasse o Azulão. E era melhor ainda que alguém fosse o próprio Morcego.
Folhear aquelas páginas cheias de imagem, telinhas de TV, muito nanquim , era de ouro e tons pasteis davam todo um novo aspecto sereno, cansado, maduro e ainda mais sombrio; aquilo me acompanhou anos. Poucos gibis conseguem se manter relevantes uma vida toda.
Pra aquele Batman era muito interessante, e como pra mim nunca houve o Batman do Adam West, o único Detetive que eu conhecia.
Com o Tim Wayne isso aconteceu de novo, o único Robin pra mim. Mesmo que a idéia do Frank, criando Carrie seja muito boa e bem compreensível para a época, eu prefiro o Tim. E seu Red Robin veio me provar correto. Mas divago…
O gibi é muito bom e nele Batman tem todos os seus 50 anos. A idéia era bem simples, e funcionou perfeitamente. O futuro tinha chego ao Cruzado Encapuzado, ficção científica se misturando ao tom pulp natural do Morcegão; uma freneticidade quase cibernética dos anos 80. Bruce Wayne era um Batman fenomenal aos seus 50 anos.
Vemos aqui o retrato do tempo também nos personagens: Esse Batman não era o Batman otimistas dos anos 60, e 70 mas sim de volta com o HomenMorcego da grande depressão.
Um desvio que perseguições forçaram às HQ’s. Aquele não era um homem que passeava mulheres vestidas de gato, comissários bigodudos e meninos prodígios. Um Robin estava longe e o outro estava morto; Selina está acabada; nenhum vilão fantasiado esperava por ele do lado de fora. Apenas o tempo.
O tempo fizera dele um ser solitário, isolado dentro de si e melancólico. Era um homem vencido. Mas o morcego não pode ser vencido. Nunca poderá, e essa é a grande verdade que aquelas histórias nos conta. Batman é uma lenda, um símbolo. Christopher Nolan sacou isso.
Batman nunca foi nem será sobre um homem fantasiado, mas sobre aquela vontade que todos temos de revidar tudo de ruim que acontece. O morcego é a vontade que existe em nós de lançar esse desafio de volta ao mundo.
Mais um grande e inegável motivo para socar o Escoteiro com direito a flecha de kryptonita e saída maestral de cena (todo motivo é um bom motivo para isso).
Velho assim, Wayne decide voltar a ativa. Velho, cansado, fisicamente destruido. Mas resoluto, decidido, direto e as vezes brutal em sua busca, em seu sentimento de revide. Era essa a Sombra que aparecia e pairava sobre a cidade.
E se não ganhava do tempo nos punhos, ganhava com a mente. E esse era o seu maio desafio aqui: A grande pergunta o Batman é relevante ainda? Fora feita e apresentada. Batman demora um tempo, até apanha um pouco, mas é quando põe sua mente, quando o Detetive que Ras Al Guhl viu aflora, que ele vence e mostra o que é: uma idéia, um sonho, uma vontade, enfim, um símbolo.
Um dos meus maiores amigos diz que temos de entender heróis fora da HQ, fora da visão resumida que se dá a gibi: Os caras que vestem cuecas por cima das calças são a nossa mitologia.
Uma mitologia moderna, pelos meios de transmissão modernas, mas ainda sim esse homens são heróis, brother eles são SUPER HERÓIS.
Batman: Cavaleiro das Trevas
Frank Miller, Klaus Janson e Lynn Varley
Editora: Várias, todo mundo já publicou esse aí.
Onde achar: Praticamente qualquer lugar que venda quadrinhos do bom.

Essa historia e tudo que o Bruno falou e muito mais.E um classico,no melhor sentido da palavra.As imagens da surra do super-homem,ficou marcada no incosciente coletivo de toda uma geraçao de fas de hqs,naquele dias houve um marco nas historias em quadrinhos.E eu tambem sempre quis ver o super tomar ums murros,kkkkk!!!(fas do super-homem por favor nao me ataquem)
Hahahaha… fãs do Super homem não atacam, eles ajudam velhinhas a atravessar a rua.
Que bom que gostou, fico muito Feliz!
Aguarde que a próxima logo se aproxima!
Abraços
Comecei a ler via scan mas como já disse em outro comentário de outra resenha não gosto de scans, mas pelo pouco que li achei foda também, muito diferente daquele batman bobão dos anos 60 e 70.
Estou procurando pra comprar no ML.
Aí galera se alguém interessar eu tenho essa versão encadernada original de 1989 para venda, em ótimo estado.
R$ 75,00 + frete.
[email protected]
Bruno, independente de gostar ou não de DK, dá uma lida nesse artigo aqui, que fala muito de DK, tendo inclusive um capítulo apenas sobre a luta do Superman com o Batman.
http://maxiverso.com.br/blog/2015/01/27/quem-vence-uma-luta-entre-batman-e-superman/
Espero que goste!