A nova geração de quadrinhos é incompatível com os antigos personagens?

Texto originalmente publicado no “Um Ano de HQs” de Filipe Dalmatti Lima
Olá pessoal, tudo bem?
Vou relatar minha opinião acerca uma tendência do mercado de HQs e já peço antecipadamente desculpas se eu ofendi o personagem favorito de alguém, não é minha intenção!
Então, eu comecei a coletar dados e observar os efeitos de mercado e notei que eu posso minimizar os heróis de quadrinhos em 3 categorias:
- Personagens mais “fracos” e “humanizados” com temáticas de dramas sociais, espionagem e investigação;
- Temática de grupos onde cada personagem tem uma função;
- Temática focada super personagens mais orientada a desafios cósmicos.
Dado as minhas categorias, fica fácil encaixar as comics (com certa parcimônia, óbvio, generalizações nunca são perfeitas gente!), dentro de um âmbito geral:
- Batman, Arqueiro Verde, Gavião Arqueiro, Harley Quinn, Starlord, Aquaman, Soldado Invernal, Bloodshot, Hellblazer, Demolidor, Justiceiro, Homem-Aranha, Kick-Ass, Wolverine, Capitão América, Wolverine, etc.
- X-men, Harbinger, Walking Dead, Liga da Justiça, Vingadores, Thunderbolts, 4F, X-Force, Tropa dos Lanternas Verdes, Guardiões das Galáxia, Tropa dos Lanternas “insira a cor”, etc.
- Super-Homem, Hulk, Thor, Flash, Homem de Ferro, Magneto, Lobo, Surfista Prateado, Lanterna Verde, Mulher Maravilha, Supergirl, X-O Manowar, Capitã Marvel, Sinestro, etc.

Quem precisa de poder para ser herói?
Agora vamos dar uma olhada nas vendas de comics no mês de agosto 2014:
http://www.diamondcomics.com/Home/1/1/3/597?articleID=153443
Pode dar uma olhada no link… vai lá, eu espero.
Enfim, as comics com melhor rank são DOMINADAS por histórias da temática 1 (Batman-like), seguidas de 2 e a temática 3 contém apenas (citando os ranks): 18, 31, 34, 46, 76, 69, 91! 7 comics de 100! 7%!!!! (Tá, pode dizer que eu contei errado, mas mesmo assim não chega nos 20%.) Notem de um personagem pode estar em 2 temática, por exemplo o Superman é de temática 3, mas sua participação na Liga da Justiça conta como 2.
Certo, dados analisados, aonde eu quero chegar com tudo isso? Notei que há uma tendência atual das pessoas gostarem mais de histórias com heróis mais fracos em termos de poder. Agora a implicação não é apenas esta, o problema é que tanto a Marvel Comics quanto a DC tem um excesso de personagens “supers”, que eu considero (com base nos números) inadequados para o perfil dos leitores atuais.
As pessoas não se divertem mais lendo apenas uma super ameaça sendo confrontada por um “super herói”. Os leitores querem mais do que isso! Eu sou fã de carteirinha do trabalho Mark Millar no quadrinho Os Supremos, e o que eu noto que ele faz nas suas histórias é humanizar os personagens e lidar com seus personagens da melhor forma possível. Por exemplo:





Para os jovens gafanhotos que não sabem, os Vingadores eram uma bosta (digo isso como fã dos Vingadores, viu?!)! Tanto que eles acabaram (Vingadores, a queda) e o time acabou sendo posteriormente reformulado nos “Novos Vingadores” onde o Brian M. Bendis colocou personagens mais “fracos” no time (ou lidou de forma genial com os ultra fortes, como o drama psicológico que ele fez com o Sentinela e literalmente mandou o Hulk pro espaço!). Eu não sou tão NERD de DC, apenas acompanho o universo do Lanterna Verde e considero que a Tropa dos Lanternas é mais legal que a comics solo do Hal Jordan. Mesmo eu não dando a mínima pro Batman, ele é “O CARA” da DC.

O que acontece é que nossa realidade atual passa por um paradigma: os escritores já aprenderam que as história mais cativantes são as mais humanizadas com personagens mais fracos. Entretanto, o que fazer com os outros “supers supers” personagens? Não da para fazer muito né? Tem que pensar, repensar e refletir… porque se eu colocar o desafio X, o Thor/Hulk/Super-Homem simplesmente vão lá e explodem a por** toda sem a menor chance dos outros personagens brilharem. Eu fico mencionando estes 3, mas a realidade é que nós temos toda uma grande lista de super-heróis que entram nessa categoria, que são genericamente fortes demais.
Eu presenciei o renascimento da DC com os novos 52 e o renascimento mascarado da Marvel Now! Se você for ver, da para contar no dedo as histórias legais na temática 3 que nós tivemos até agora em ambos os casos. Por outro lado eu vi os personagens da temática 1 brilharem “arco-íris” nestes últimos anos. Além disso eu achei uma aposta interessante nos Guardiões da Galáxia, porque eles são uns coitados (se comparados com JLA, X-men ou Vingadores em termos de poder). E também eu vi histórias novas (Harbinger, Bloodshot, Archer & Armstrong, Saga, Aquaman, Gavião Arqueiro, etc) ganhando tudo que é prêmio nos últimos anos, literalmente mandando na “por** toda”. E todas elas com um ingrediente em comum:
personagens não tão fortes e fortemente humanizados.

Ninguém mais quer ver histórias “branco ou preto”: super heróis derrotando o super vilão. Todo mundo tem optado pelo cinza, por ver heróis disputando ideais entre heróis ou mesmo pessoais normais tendo fazer a diferença no mundo com recurso limitados e com dificuldade sociais. Talvez seja esse o ingrediente que mantém as histórias de super grupos interessantes, pois os integrantes acabam se relacionando por terem opiniões divididas e um acaba dependendo do outro para o sucesso da missão.
Termino aqui com uma questão polêmica:
Você também acha que os antigos heróis estão em crise se considerarmos o atual preferência dos leitores de quadrinhos?
Abraços a vocês!
https://impulsohq.com/quadrinhos/a-nova-geracao-de-quadrinhos-e-incompativel-com-os-antigos-personagens/https://impulsohq.com/wp-content/uploads/2015/02/1-d9hpOYocMqmPgFYXRmIcnw.jpeghttps://impulsohq.com/wp-content/uploads/2015/02/1-d9hpOYocMqmPgFYXRmIcnw-300x300.jpegnotíciasquadrinhosComics,DC,HQ,Marvel,Prata da Casa,quadrinhosTexto originalmente publicado no 'Um Ano de HQs' de Filipe Dalmatti Lima Olá pessoal, tudo bem? Vou relatar minha opinião acerca uma tendência do mercado de HQs e já peço antecipadamente desculpas se eu ofendi o personagem favorito de alguém, não é minha intenção! Então, eu comecei a coletar dados e observar...Renato LebeauRenato Lebeau[email protected]AdministratorIdealizador do Impulso HQ e amante dos quadrinhos, é pós-graduado em design gráfico. Seu sobrenome é uma homenagem a um super-herói mutante dos quadrinhos. Autor da pesquisa "Duas Linguagens em um Mesmo Universo - Os Limites e Fronteiras entre Design Gráfico e História em Quadrinhos", procura desesperadamente ser um mutante para se multiplicar e participar de todos os eventos de quadrinhos que gostaria.Impulso HQ
Renato, discordo um pouco do seu argumento. Acredito mais que a mídia televisiva e cinematográfica com a exposição dos heróis mais badalados é quem tem dado motor impulsionador a alguns naquela lista de vendagem. A Marvel tem apostado muito no cinema e a DC na TV.
Portanto os heróis menos poderosos são mais fáceis de produzir do que que os heróis super poderosos.
Olá CLeber,
É uma posição a se pensar. Será que o cinema ajuda a alavancar as vendas ou acaba gerando uma decepção nos leitores quando esses descobrem que nos quadrinhos não é a mesma coisa?
Só lembrando que o texto não é meu. E sim do Filipe Dalmatti Lima.
Abraços