Resenha mangá: Genshiken
A namorada de um dos meus irmãos confessou certa vez, que achava estranho quando nós conversávamos sobre quadrinhos. Não apenas HQs na verdade, mas quando nos púnhamos a matraquear sem parar sobre desenhos, brinquedos ou jogos ela sentia como se estivesse vendo um filme estrangeiro sem legendas. E o filme nem mesmo era em inglês. Em sua concepção é impensável alguém “perder tempo” discutindo algo que “não era real”.
É assim que muitos se sentem quando conhecem Genshiken.
O mangá foi um dos títulos anunciados pela JBC durante sua coletiva de impressa em meados de junho e foi recebido com festas e passeatas pelos fãs. E, bem, aqueles que não conheciam a série o encararam como se o pobrezinho fosse uma das bestas do apocalipse.
Genshiken foi escrito e ilustrado por Kio Shimoku e segue o controverso gênero Slice of Life, séries que usualmente exploram elementos cotidianos e que você ama ou odeia logo de cara. E quando o cotidiano em questão é de um grupo de otakus então ou você realmente ama a série ou coloca fogo na revista e amaldiçoa todos os envolvidos na sua criação.
O pontapé inicial da historia é a chegada do novato Kanji Sasahara a universidade onde está determinado a (finalmente!) entrar em um clube de estudos de animes e mangás. Veja, apesar de ser um otaku de carteirinha, o rapaz sempre escondeu sua paixão e nunca teve muitos amigos.
As leis da conveniência universal levam Sasahara para a porta do Clube de estudos da cultura pop japonesa, ou Genshiken para simplificar. Apesar do nome pomposo o lugar é só uma desculpa para reunir um diversificado e fanático grupo de otakus que discutem sobre seus hobbies. Temos o apaixonado por cosplay, o fã de Gundam, o colecionador de toys e cercado pelas figuras mais estranhas, pela primeira vez Sasahara sente como se encontrasse seu lugar no mundo.
Nesse primeiro volume o grande charme é a presença da geniosa Saki Kasukabe, que odeia o estilo e as manias dos otakus da Genshiken, mas é obrigada a conviver com eles porque seu namorado é um fanático por animes em estágio avançado e terminal! Suas palavras e ações são críveis com o de qualquer pessoa que nunca tendo visto um anime na vida tem que aturar um grupo de fãs em seu “habitat natural” gerando situações divertidas e engraçadas.
Genshiken é um paradoxo. Mesmo com seu enredo absurdamente simples é uma obra difícil de acompanhar, devido ao numero gigantesco de referencias que vão desde aos grandes sucessos da temporada a e séries desconhecidos e tão antigos quanto o guaraná com rolha.
Não por acaso, a JBC incluiu no volume um glossário, semelhante aos títulos da editora Panini, para não deixar seus os leitores boiando sobre quem é Mukku ou que raios vêm a ser um Erogê. Outro ponto que pode deixar os leitores brasileiros confusos é como o roteiro trabalha certos aspectos da sociedade japonesa e o dia a dia dos personagens. Situações que para o leitor japonês são comuns, para os brasileiros são estranhas e também necessitam de uma explicaçãozinha básica.
O formato da revista segue o atual padrão da JBC, com páginas coloridas e papel legal. A edição possui duas capas diferentes e na contra capa conta com model sheet e informações do mangá preferido dos membros do Genshiken. Ficou realmente bacana.
Genshiken não é um mangá que recomendo a todo mundo. Muitas piadas se perdem se você não possuir o mínimo de conhecimento de animes e mangás, o que é um ponto muito grande contra a série. Ao menos indico a revista para terem uma ideia de como seu companheiro (a) não nerd se sente no meio da conversa sobre o capítulo da semana de Naruto.
Genshiken – O Clube de Estudos da Cultura Pop Japonesa
Editora JBC
Roteiro e arte: Kio Shimoku
13,5 x 20,5 cm
180 páginas
R$ 11,90

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