RPG – Jogando com super-heróis
Em 1995, eu tinha 14 anos e jogava muito RPG. Tipo, todo sábado e domingo (e uma ou outra partida numa noite no meio da semana). Fantasia Medieval, o D&Dzão da Grow mandava no pedaço, mas numa certa feita, decidimos nos aventurar pelas genéricas regras do sistema GURPS para matar a vontade de interpretar nossos heróis preferidos nas histórias em quadrinhos. Assim, teve início uma das mais bizarras e divertidas aventuras que já joguei até hoje (mas talvez eu tenha jogado pouco).
Fingindo que estávamos entendendo aquele burocrático sistema de regras que só usa D6 (sim, sou daqueles que acredita que quem gosta de RPG não gosta de GURPS), cada um dos jogadores escolheu seus personagens. Decidi jogar com o Gambit, pois era grande fã da série animada dos X-MEN.
Meus amigos escolheram Batman (claro), Superman (naturalmente), Thor (inusitado, eu diria) e… Predador (sim, ninguém escolheu o Wolverine, mas o alien mais barra da galáxia… pra integrar um grupo de super-heróis)! Embora o GM (Game Master) tenha tentado os argumentos possíveis para impedir o jogador de usar um personagem tão… tão… Ah, você entende! O mestre tinha vontade fraca e foi vítima de uma espécie de charm person (só pode ter sido isso, poxa).
A bizarrice, de fato, começa agora, com nossa história: todos éramos pupilos do jovem Batman. Por algum motivo, Bruce Wayne achou que seria interessante ter um alienígena super-poderoso, um deus mitológico e um ladrão mutante ao seu lado já nos primórdios de sua carreira.
Por nossa vez, contávamos todos com os vastos recursos do Homem-Morcego. Então, após breve descrição da histeria anti-mutante que tomava as ruas e as enchia da caos, Magneto (sempre ele) dá início a um polpudo ataque numa siderúrgica (what?)… Você deve estar se perguntando por onde anda o Predador a essa altura, né mesmo? Eu não me lembro, mas estranhamente pareceu-lhe interessante dirigir-se ao local da batalha.
Nós não entendíamos as regras. Nem mesmo havíamos feito às fichas. Diante das escolhas, o mestre foi pra casa com seu GURPS e voltou com tudo pronto… A gente partiu pra cima do Mestre do Magnetismo aparentemente sem conseguir fazer nada de eficaz contra ele. Ficamos rolando D6s por horas nos divertindo com as descrições e tomando atitudes meio loucas (mas absolutamente lúcidas pra RPGistas).
Thor e Superman apanharam feito boi ladrão. O Batmóvel virou uma bola de aço retorcida. Minhas cartas não venciam o campo magnético ao redor do terrorista mutante. E o Predador? Bem, ele ataca com aquele laser invocado do ombro, sabe?!
Lá pras tantas, Magneto deu sinais de cansaço… Começamos a virar a mesa! Mas eis que surgiram duas Sentinelas pra ninguém botar defeito! Se o mestre do jogo tava roubando pro Magneto arrebentar a gente antes, nesse momento, a coisa descambou. Fui o primeiro a ser levado pro interior dos robôs aprisionado por tentáculos metálicos. A coisa ficou feia. Os robôzões cor de rosa tinham até kryptonita. Superman foi me fazer companhia na cela estomacal… Quando o Predador (ele… novamente ele…) sacou os rumos da coisa, decidiu explodir tudo com a bomba em seu braço.
Nisso, o mestre, temendo pelos rumos da campanha, deu um jeito de capturar o resto grupo abruptamente e deixou o jogador do sanguinário alien levar sua ideia a cabo. A nuvem de cogumento subiu na hora! Uma das sentinelas foi derrotada enquanto a outra fugiu levando a patota de super-heróis DC/Marvel em seu ventre de metal… Infelizmente, nunca demos continuidade a essa divertida partida, embora ela seja lembrada constantemente (dada sua quantidade quase que ilimitada de patacoadas e bizarrices)…
Atualmente, pra quem quer se divertir interpretando um de seus personagens prediletos, existem RPGs com sistemas de regras muito mais apropriados e específicos, como, por exemplo, Mutants and MasterMinds (não como ficou o título em português).
Enfim, quando você tem 14 anos, algo como o que jogamos é o supra-sumo da diversão! Bizarro ou não, divirta-se!
https://impulsohq.com/games/rpg-jogando-com-super-herois/gamesD&D,DC Comics,GURPS,Marvel,Mutants and MasterMinds,RPGEm 1995, eu tinha 14 anos e jogava muito RPG. Tipo, todo sábado e domingo (e uma ou outra partida numa noite no meio da semana). Fantasia Medieval, o D&Dzão da Grow mandava no pedaço, mas numa certa feita, decidimos nos aventurar pelas genéricas regras do sistema GURPS para...Dennis RodrigoDennis Rodrigo[email protected]ContributorFormado em Comunicação Social – Publicidade & Propaganda e apaixonado por desenhar, por quadrinhos e animações desde a mais tenra idade, coleciona títulos nacionais e internacionais há mais de 15 anos. Promove um projeto intitulado de “Quadrinhos Solidários”, em que a renda captada pela venda das revistas Pequenos CONTHQS, O ÚLTIMO CONTO DO CAÇADOR LUNAR E GUARDIÕES é destinada a causas sociais. Editou e ilustrou a graphic novel intitulada DESTEMIDO, que adapta para quadrinhos a história real de um ex-combatente da II Guerra Mundial. Publica fanzines esporadicamente.Impulso HQ
Caramba, adorei ler essa matéria! Me lembrei da época em que eu também passava os fins de semana jogando RPG com meus amigos. Oh, época boa! Dias de chuva, então…
Esse time bizarro citado nessa postagem é o tipo de situação que uma boa partida de RPG pode proporcionar. Nerds curtem muito tais crossovers. Quanto ao GURPS, para mim, na época, era o sistema mais completo (e complexo, é lógico), pois atendia a vários cenários. Tinha regras para tudo. Saudade dessa época…
Que saudades! Que aventura fantástica!
Louca? Sim…
Sem lógica? Certamente…
Bizarra? Totalmente…
Mas muito, muito divertida…
Jogar RPG possibilita realizarmos as bizarrices que nossa vontade anseia. E participar desta aventura foi muito, muito legal.
Pena que não demos seqüência. Pena que passou.
Saudades gostosas desta época.
Forte Abraço, e parabéns pelo post! Outros deste tipo serão muito bem-vindos!
Cara, no que diz respeito a RPG, não faz ideia de como te invejo. Infelizmente, nunca tive a oportunidade de jogar em equipe, com um mestre orquestrando uma campanha tipo essa que você narra. A não ser por uma única vez em que meus irmãos, um colega e um vizinho jogamos aquele tipo “…E Agora Você Decide”, através de cartas (!!!). Acredite se quiser, o nosso “mestre” era um contato meu de SP (moro no interior do RN, já pensou?). Nem preciso dizer que essa empreitada não foi muito longe… Mas, isso não quer dizer que não me diverti pra caramba nos dungeons do RPG solo. Numa certa feita, um irmão me trouxe da capital um livro de aventuras para dois jogadores, no melhor estilo Senhor dos Anéis, mas que também podia ser jogado por um só! E olha que eu tentei jogar por mim e pelo outro personagem, mas meus pontos de vida, inteligência, sorte, etc, tinham que ser divididos por 2, aí já viu, né? E quando tinha que enfrentar a Hydra, então? Cada cabeça contava como um monstro separadamente!!! Assim não tinha como! Também foi minha primeira experiência no mundo fantástico do RPG e só Deus sabe quantas vezes pensei em desistir daquela doideira quando fazia uma escolha errada e tinha que rolar os dados mais uma vez pra poder começar tudo de novo! Desde o início! Até que, numa noite em que comecei por volta das 7 e pouco da noite, depois do jantar e só fui parar lá pra mais de meia-noite, finalmente consegui chegar ao final da jornada e chegar ao artefato místico cuja obtenção era o objetivo da aventura. Nem preciso dizer que foi uma das noites mais memoráveis da minha vida, né? Valeu por me fazer lembrar disso e despertar minha vontade de também querer compartilhar uma experiência desse tipo com todos os demais RPGistas que já se aventuraram por esse universo, sejam sós ou (mal) acompanhados!