Nós Assistimos: Logan
Quando Wolwerine aparece pela primeira vez em Logan ele está grisalho, cansado, suas garras ficam presas entre os dedos. Ele está tendo pensamentos suicidas e está bebendo demais, mesmo para ele. Inimigos que ele poderia ganhar com uma mão amarrada nas costas agora dão trabalho a ele, como o grupo de bandidos que tentam roubar a roda de seu carro. Ele está um lixo!
Sim, tudo o que você ouviu é verdade. O carrancudo, bêbado e desbocado Logan que nunca chegou a mostrar as caras nos filmes anteriores dos X-Men finalmente se juntou ao seu amigo Deadpool no mundo do cinema “adulto”. E é a maneira perfeita para ele terminar sua jornada.
Desde o primeiro momento, a voz triste de Johnny Cash agraciou aquele tremendo trailer, havia uma sensação de que Hugh Jackman e o diretor James Mangold não iriam mais seguir as regras. Para Jackman, foi sua nona vez interpretando o Carcaju, e para Mangold, é outra chance para aperfeiçoar o que ele quase conseguiu em 2013, quando ele enviou Logan para o Japão.
Agora em seu segundo filme de Wolverine, Mangold claramente viu Logan como um pedaço de realização do desejo, e esse desejo era a morte. Não é excesso de zelo, mas é brutal. E para os fãs que desejavam ver a Arma X em sua essência, é altamente gratificante.
Para ambos, no entanto, era agora ou nunca. Jackman não perdeu a oportunidade de dizer a todos que esta seria sua última vez interpretando o Wolverine, o personagem que definiu sua carreira, e provavelmente continuará a defini-lo para o resto de sua vida. Talvez tenha sido essa pressão para fazer bem, para apagar as más lembranças (espero que, depois disso, X-Men Origins será esquecido), ou talvez fosse à liberdade oferecida pelo sucesso de Deadpool, mas Logan é diferente de qualquer filme de super-herói que você já viu.
Como a música de Cash, a produção é minimalista, meditativa, melancólica e não tem mais nada a perder. Nós o vimos atravessar o inferno, nós o vimos como todo mundo que ele ama morre e tudo o que ele pode fazer é continuar vivendo. Tudo o que Wolverine pode fazer é continuar lutando. Mas por qual motivo?
A razão vem na forma de uma pequena garotinha.
Quando entendemos um Logan, grisalho, visivelmente mais velho, as cicatrizes em seu corpo como lembranças assustadoras do passado, é 2029. Nenhum mutante nasceu nos últimos 20 anos. Eles se tornaram contos de fadas, lendas, histórias em quadrinhos e talvez até mesmo filmes.
Logan leva uma vida dirigindo uma limusine perto da fronteira EUA-México. O pouco dinheiro que ganha vai para comprar remédios para seu amigo Charles, Professor X (Patrick Stewart). Eles vivem no deserto, longe de todos os outros, juntos, como eles têm sido por tantos anos.
E então, Laura (Dafne Keen) chega. ‘Ela é muito parecida com você, Logan’ diz Charles. Ela é uma mutante, a primeira a surgir em décadas e ela é a única esperança que eles têm. Há rumores de a que milhares de quilômetros de distância, em Dakota do Norte, há um porto seguro para outros como ela, como eles. É onde eles devem levá-la, longe de Donald Pierce (Boyd Holbrook). Eles fazem a única coisa que podem. Em uma sutil homenagem ao primeiro filme X-Men, Logan leva a menina sob sua asa. Eles roubam um carro, alguns petiscos e pegam a estrada.
Dizem que os filmes de super-herói vão em breve seguir o caminho dos filmes de Faroeste (não por mim, mas por mentes melhores, como Spielberg e Lucas), como chegou a um ponto de saturação, como os cavalos e chapéus de cowboy se transformaram em uniformes colados e coloridos, ambos caminhando para o seu destino final.
Para um filme extraordinariamente sombrio que prefere contemplar a mortalidade de que demolir alegremente uma cidade, a ideia de Logan revivendo um gênero moribundo é quase poética.
Ele leva pistas de clássicos como ‘Children of Men’, ‘The Wrestler’, ‘Mad Max’ e até mesmo o grande jogo ‘The Last of Us’. É intransigente em sua brutalidade e destemido em sua reverência a esses personagens icônicos. É um testemunho do poder da narrativa e do que a liberdade criativa pode produzir.
A jornada cinematográfica de Logan começou há 17 anos em uma floresta com ele ganhando dinheiro lutando em gaiolas. Uma garota o salvou, ela mostrou para ele como era ter uma família, como era bom sentir isso. Em Logan, é preciso outra garota para mostrar quem ele realmente é, para lembrá-lo de que sua vida valia alguma coisa.
Tanto Logan quanto Hugh Jackman não poderiam ter uma despedida mais perfeita.
Trailer:
Logan
Direção: James Mangold
Roteiro: Scott Frank, James Mangold e Michael Green
Diretor de fotografia: John Mathieson
Trilha Sonora: Marco Beltrami
Elenco: Hugh Jackman, Patrick Stewart, Dafne Keen, Boyd Holbrook, Stephen Merchant, Elizabeth Rodriguez, Richard E. Grant, Eriq La Salle, Elise Neal, Quincy Fouse
Duração: 141 minutos
Produção: Twentieth Century Fox
Distribuição nacional: FOX Film do Brasil

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